domingo, 6 de setembro de 2009

Dor no estômago.

Não era muito simpática a garota. Exceto com quem ela gostava muito.
Era sistemática. Mas era uma pessoa boa. Bom caráter, honesta na medida do quase impossível: quanto mais honesta ela tentava ser mais honesta achava que tinha que ficar. Sincera sempre!
Era boa aluna, não atrapalhava ninguém porque não gostava de ser incomodada. Não usava roupas marcantes pra não chamar atenção e acabava por chamar atenção justamente por ser tão diferente das outras.
Era inteligente, tentava ser culta mas nunca conseguiu gravar as informações q lia sempre nas revistas e livros. Gostava de ética e de pessoas humildes. Tinha heróis. Acreditava num mundo bom. Acreditava que as artes marciais não permitiam corrupção: principalmente a de caráter.
Acontece que um dia, tudo desmorona. Foi gradativo o processo de descrença em Deus. Foi gradativo o processo de desilusão com a vida. De desgosto com as artes marciais. De desconfiança em pessoas importantes. E assim, gradativamente, foi perdendo a vontade de ter amigos. Cada vez menos amigos. Até sobrarem apenas 5. Achava esse um número grande para se ter de amigos mas, conseguiu conquistar 5 amizades durante a vida e isso era extremamente importante pra ela.
Até que um dia, finalmente definiu que não acreditaria mais em Deus (Mas ela nunca foi uma boa "ATEU"). Passou a se afirmar agnóstica por aceitar a própria ignorância. Finalmente decidiu que não tentaria mudar denovo. Não tentaria mudar seu modo de vestir pra parecer mais feminina como muitos a "aconselhavam". Não tentaria mudar seu modo de andar nem seu jeito raro de estudar. Não pré conceituaria as pessoas pela riqueza material. Não desprezaria amigos pra agradar "falsos amigos" com os quais ela se decepcionou.
Seria a menina que sempre foi, antes de entrar num círculo social cheio de patologias e vícios. Embora fosse necessário manter-se nesse círculo por questões profissionais, decidiu contrariar membros do mesmo em prol da sua educação de base, da sua honestidade e integridade de caráter.
Descobriu que só porque ela não costuma mentir, não significa que as pessoas não mentiríam pra ela.
Descobriu que só porque ela era confiável, não significa que todas as pessoas em quem ela confiava realmente eram confiáveis.
E ela foi se desgostando da vida. Mas sabia que sua vida era valiosa demais pra se perder com os vírus do mundo.
E não, ela não se matou.

Gabriela S. Borges 07/09/2009 -00:15

2 comentários:

Anônimo disse...

Em primeiro lugar, não me chama de boneca!
Em segundo lugar, agnóstico não é quem não acredita em Deus, é quem não tem a capacidade de dizer se ele existe ou não. Quem nao acredita simplesmente não acredita.
Em terceiro lugar, você escreve bem a lot!
Em quarto lugar, eu gosto muito do seu blog! (mesmo você dizendo que apenas posta textos loucos).
Em quinto lugar, não se ache louca somente por postar textos "loucos". Nesse mundo de loucos o normal é ser exatamente um louco. Mas um louco diferente dos loucos comuns. Talvez um louco pela vida e por "aqueles" valores que hoje estão em falta no "mercado" dos loucos.
Em sexto lugar, eu sou seu fan!
em sétimo lugar, grande abraco! Te cuida!
Eu volto em breve!
ass: Sebastian

Thi(ti)Ca disse...

kkkkkkkkkkk raxei do comentario aqui de cima!!
Entao neh, denovo a Srt. me surpreendeu na qualidade dos textos que escreve! Eu simplesmente nao consigo escrever tao bem assim, assim como 98% dos brasileiros rsrsrsrsrs
realmente neh gabi, nao eh todo mundo que a gente pode confiar... e gostei muito do que vc disse sobre as questoes de carater e valores morais! tenho orgulho de vc ser minha irma
bj na busanfa